TEXTO ÁUREO
Comentarista: Pastor José Elias Croce
“Deus deve ser em extremo tremendo na assembleia dos santos e grandemente reverenciado por todos os que o cercam.” Sl 89.7
VERDADE APLICADA
O culto é uma das mais belas e antigas formas do homem expressar sua devoção, gratidão e adoração a Deus. É o ato central da identidade cristã através da história.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
● Descobrir a importância do culto a Deus;
● Salientar a necessidade da reverência no culto;
● Envolver o cristão no processo de adoração.
GLOSSÁRIO
Consentânea: Adequada, apropriada, conforme, congruente, de acordo;
Dádiva: Dom, presente, donativo;
Mister: Urgente, necessário.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
1Co 14.26 - Que farei, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
1Co 14.27 - E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete.
1Co 14.28 - Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.
1Co 14.29 - E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
1Co 14.40 – Mas faça-se tudo decentemente e com ordem.
HINOS SUGERIDOS
♫ 5, 156 e 440.
MOTIVOS DE ORAÇÃO
Ore para que os cultos sejam marcados pelo agir do Espírito Santo de Deus.
Introdução
O culto é como uma gota de orvalho em busca do oceano do amor divino. É uma alma faminta diante do celeiro espiritual. É uma terra sedenta clamando por chuva. É uma ovelha no deserto, balindo em busca do Bom Pastor.
INTRODUÇÃO
O culto é um dos mais belos e antigos serviços que os seres humanos celebravam como formas de demonstrar ou expressar sua fé, devoção, gratidão e adoração a Deus. Coletivamente, o culto cristão deve ser o mais sagrado e solene de todas as reuniões que o povo de Deus realiza aqui na terra (Sl 56.7; Sl 89.7; 93.5; Ec 5.1; Hc 2.20; Jo 2.14-17; 1 Co 11.22; 1 Tm 3.15), pois nela não só reconhecemos a infinita bondade e misericórdia do Senhor, como também, expressamos nossa gratidão por todos os benefícios que nos tem concedidos, inclusive as bênçãos da Salvação (Sl 116.12-13; 103.2-11; 30.11-12; 33.1-3; 101.1).
O culto racional
A palavra culto, automaticamente vem ligada à ideia de louvor, reconhecimento, ação de graças. Isto porque é impossível tributar culto a alguém ou a algum tipo de deus, quando não se tem porque fazê-lo. O mesmo acontece com relação ao culto cristão. Como sem medida são as bênçãos recebidas do Senhor, inúmeros são os motivos que temos para tributar-lhe culto, honra e glória.
O fato de o crente ter diferentes motivos de cultuar a Deus e particularizar estes motivos, não muda a verdadeira e única razão ou objetivo do culto: A Pessoa de Jesus Cristo.
Os cultos congregacionais são os mais frequentes na igreja. Estes são cultos normais, evangelísticos ou de doutrina.
Durante este tipo de culto, o povo de Deus canta, ora, ouve a pregação da mensagem divina, fala em línguas, interpreta, profetiza, adora, contribui com suas ofertas e dízimos para o sustento do trabalho do Senhor; enfim, age na liberdade do Espírito.
O culto congregacional contribui para o fortalecimento dos laços de amor fraternal entre os membros da congregação, orienta os crentes na solução de seus problemas e na busca de santificação pessoal através da exposição da doutrina bíblica e do genuíno louvor a Deus, isto é, em espírito e em verdade.
Também desperta os pecadores adormecidos no pecado para a salvação, bem como os crentes negligentes para uma vida sempre renovada no Espírito.
Sem nos delongarmos mais sobre os outros cultos específicos tais como o culto de ação de graças, culto de aniversário, etc., podemos ter uma razoável ideia da importância de seguirmos um padrão de normas éticas e espirituais, para a plena, agradável e excelente realização dos serviços do templo.
Nesta lição especificamente, tratamos também da reverência e ordem no culto cristão. São assuntos dos quais se ocuparam vários escritores da Bíblia.
Há coisas básicas que devemos analisar em profundidade se quisermos entender o significado da reverência e da ordem no culto a Deus, senão vejamos: Deus é um Ser excelsamente santo, digno da mais absoluta honra e louvor do crente.
O culto divino é o ponto de encontro da criatura com o Criador; do salvo com o Salvador, onde Este fala e aquele ouve, guarda e teme.
Somos falíveis criaturas de Deus, pelo que devemos agir reverentemente diante dele, lembrando-nos que até mesmo os serafins se têm por imperfeitos diante da Sua augusta face. Têm que encobrir os rostos e os pés quando estão diante d’Ele (Is 6.2).
Resumindo, devemos nos lembrar de que o lugar do culto é um lugar diferente, não apenas por ser um templo dedicado ao Senhor, mas pela presença augusta de Deus, que é absolutamente santo.
Cultuemos, pois, ao nosso Santo Deus, com toda a reverência, respeito, temor e tremor que só Ele merece!
Bons estudos e uma semana abençoada, na Paz do Senhor Jesus Cristo!
Márcio Celso - Colaborador
A confissão da Igreja tem por objetivo principal a glorificação a Deus e alegrar-se n’Ele (Sl 122.1). Isto faz do culto o ato mais importante, mas relevante e mais glorioso na vida do homem (Sl 84.1-4).
1. AS BASES BÍBLICAS DO CULTO CRISTÃO
Individualmente, culto não é um mero ato ritual, mas um ato de vida. Constitui-se em um estado de espírito na vida daqueles que reconhecem a graça, a grandeza e a soberania de Deus. Todos sabem que devemos “ofertar e celebrar” ao Senhor com nossa “vida”, desde o nosso despertar até o nosso adormecer.
1.1. Vocabulário bíblico para adoração
Para alcançarmos uma visão correta sobre o culto cristão, é mister examinarmos alguns termos: “Latreia”, cujo significado principal é “serviço” ou “culto”. Denota o serviço prestado a Deus pelo povo inteiro ou pelo indivíduo. Em outras palavras, é o serviço que se oferece à divindade através do culto formal, ritualístico e através do oferecimento integral da vida (Êx 3.12; Dt 6.13; Mt 4.10; Lc 1.74; 2.37; Rm 12.1). “Leitourgia” é a palavra composta por outras duas de origem grega, que são: “povo” (laos) e “trabalho” (érgon). O termo significa “serviço do povo”. No Antigo Testamento, referia-se ao serviço oferecido a Deus pelo sacerdote, quando esse apresentava o holocausto sobre o altar de sacrifícios (Js 22.27; 1Co 23.24, 28).
O termo “proskynein”, originalmente, significava “beijar”. No Antigo Testamento, significa “curvar-se”, tanto para homenagear homens importantes e autoridades, como para “adorar” a Deus (Gn 24.52; 2Cr 7.3; 29.29; Sl 95.6). No Novo Testamento, denota adoração exclusiva a Deus (At 10.25-26; Ap 19.10; 22.8-9).
1.1. Vocabulário bíblico para adoração
O principal vocábulo bíblico quer seja no Antigo Testamento, quer seja no Novo testamento utilizado para designar adoração no culto, é serviço. Aliás, a própria definição de culto é: “serviço de adoração que prestamos a Deus”. Por desconhecer o significado e a finalidade de um culto, muitos cristãos invertem os papeis e colocam Deus a serviço deles: Vai ao culto “buscar” algo de Deus, ao invés de “oferecer” algo a Deus.
1.2. Bases teológicas do culto
A adoração cristã se fundamenta na nova aliança (Hb 8). Está franqueada ao cristão a comunhão com Deus pelo novo e vivo caminho aberto por Jesus Cristo (Hb 10.19-22). Portanto ofereçamos sempre por Ele (Jesus Cristo) a Deus sacrifício de louvor (Hb 13.15a). Temos importantíssimas informações sobre o culto em todo o Novo Testamento. O culto é mediado por Jesus Cristo, um sumo sacerdote que se identifica com os adoradores (Hb 2.12-13, 16-18; Jo 17.24; Mt 18.20) Cristo fez de Seus seguidores sacerdotes de Deus, isto é, pessoas cujo culto Deus aceita (Ap 1.5-6; 5.8-10; 1Pe 2.9). É necessário que o adorador saiba qual é o seu dever em uma reunião cristã e conheça bem as suas bases para que se comporte eticamente durante o culto.
Quantos cristãos realmente conseguem distinguir entre a verdadeira e falsa adoração? (Jo 4.23-24). Será que nós temos cultuado de um modo que agrade a Deus? (Hb 11.5). A base da nossa adoração é o ensino bíblico ou a experiência humana? A Palavra de Deus delineia as bases de uma adoração segura e definitiva. A maneira como estudamos as Sagradas Escrituras e assuntos como esse já demonstra se somos ou não adoradores. O Eterno Senhor Deus nos chamou para adorá-Lo!
1.2. Bases teológicas do culto
Teologicamente falando o culto na Antiga Aliança era celebrado tanto individualmente através de ofertas e altares (Gn 4.3-5; 8.20; 12.7), como coletivamente através dos rituais e sacrifícios (Lv 1.1-7). Não havia culto nem adoração sem sacrifícios (Nm 28 e 29). O modelo coletivo iniciou-se a partir da construção do Tabernáculo e ficava centralizado nos serviços sacerdotais (Êx 19.1-6; 29.44-46; Lv 1.7). Posteriormente, com a construção do Templo, as formas solenes e sacrificiais se mantiveram válidos, mas o louvor ficou mais centrado e distribuído entre o povo, ainda que conduzidos por pessoas exclusivamente indicadas para esse fim (1 Cr 16.1-16; 2 Cr 7.6-7; 8.14). O único modo ou forma de se conduzir um culto aceitável estava em seguir à risca as prescrições determinadas (Hb 9.1-28). De lá para cá, é claro, muita coisa mudou. Hoje, com o advento da Nova Aliança, Jesus cumpre e substitui essas estruturas da Antiga Aliança (Hb 9.1,11,24; Ef 2.13-22; 1 Tm 2.1-8). Agora nos cultos não precisamos oferecer mais animais em sacrifícios, mas a nossa própria vida. Nossa vida agora passou a ser um ato sacrificial a Deus (Rm 12.1). A partir disto, novas formas e liturgias foram biblicamente inseridas (Hb 9.1,8,13), e, como não poderia ser diferente, muitas “inovações e modismos” também foram e são inventadas e acrescentadas pelos homens (Mt 15.8-9; Cl 2.18-23; Gl 1.6-8; Fp 3.17-19). Só nos resta saber se eles continuam ou não sendo aceitáveis e agradáveis a Deus (Ml 1.10; Rm 12.1).
O cumprimento de um ritual não basta para que haja culto. É indispensável a aceitação por Deus do culto oferecido. Deus estabelece condições para aceitar a adoração de homens. A ignorância dessas condições ou mesmo sua violação transforma o ritual em exercício unilateral enervante e com sérias consequências para os participantes. Vejamos esses pré-requisitos para que alcancemos a plena comunhão com Deus: fé (Hb 10.38; 11.6); envolvimento total da vida (Rm 12.1-2; Lc 10.27); deve ser dirigido a Deus (Mt 4.10; 6.6; Hb 13.15); modelado pelo ensino bíblico (Mt 15.9; Hb 12.28) e mediado por Cristo (Hb 9.12, 24.28; 10.19).
É sempre importante lembrar que o culto é um coração faminto em busca de amor. É uma alma buscando sua contraparte. É o filho pródigo correndo para a casa de seu pai. Enfim, é o homem subindo as escadas do altar do Maravilhoso Deus. Dada essa preciosidade que é o culto, precisamos observar sempre a necessidade da reverência, tendo em vista o exercício do verdadeiro culto a Deus. O pecado da irreverência é muito sutil e, portanto, muito fácil de ser cometido, especialmente no aspecto subjetivo. Qualquer um de nós pode falhar nessa parte, se não vigiar atentamente durante o culto no espírito de oração e dependência do Espírito Santo de Deus. Somente o Espírito da Verdade nos pode livrar de cair nesse pecado, que tão grandes prejuízos podem acarretar à nossa vida espiritual.
1.3. Os pré-requisitos do culto
Com a Nova Dispensação, a prática do culto perdeu aquelas antigas formalidades e passou a ser celebrado de maneira mais “livre” e “racional”, porém, devem ser ainda ladeado de fé, gratidão e louvor a Deus; e, envolvido pelo Espírito Santo (Rm 12.5-8; 1 Co 12.1-11, 28-31), sem contudo, menosprezar aquelas práticas que servem de exemplo bíblico. Assim, as igrejas devem olhar para as Escrituras, afim de que ela nos ensine a adorar juntos e fazermos somente o que ela nos ordena fazer. Fazer qualquer outra coisa fora do que as Escrituras nos recomenda seria comprometer o culto cristão (Dt 12.32, Mt 15.8-9). Afinal, não temos garantia de que o simples ajuntamento de pessoas, ainda que seja na igreja, signifique que haverá ali um culto a Deus, e, muito menos que esse “culto” seja uma celebração aceitável e/ou agradável diante D’ele, pois tudo pode não passar de uma mera reunião social (Am 8.10; Is 66.3; Jr 6.20; 7.21-23; 14.12).
2. A necessidade e essência do culto
O tédio é um estado mental resultante do esforço para manter interesse por uma coisa pela qual não temos o mínimo interesse. Este fato tem levado a Igreja em nossos dias, a oferecer certos atrativos ao povo no que tange ao culto.
2. A NECESSIDADE E ESSÊNCIA DO CULTO
O verdadeiro culto cristão em sua simplicidade é a experiência mais próxima que podemos ter do céu, enquanto estamos aqui na terra. No entanto, nem todos compreendem ou se sentem assim. É natural que quando os crentes não entendem o verdadeiro sentido do culto, vão sentir obrigação ao invés de satisfação e tédio ao invés de alegria, em participar. Com isto, perdem a motivação de ir à igreja cultuar a Deus e passam a “procurar” atrativos nos cultos que os motiva a irem participar. Será que existe atrativo maior no culto do que adorar a Deus? Precisamos ter cuidado com o pragmatismo! Lamentavelmente, as igrejas estão cheias de pastores, líderes e crentes, insaciáveis por novidades, inovações e modismo, os quais introduzem no culto, que em nada edificam e que muito menos glorificam a Deus (Mt 15.8-10). O pragmatismo nunca deve ser uma característica presente nos cultos da igreja (pragmatismo é uma decisão tomada não pela essência, mas pelos fins desejados). A igreja que adota esta filosofia atropela os meios bíblicos e se enveredam pelo caminho de Nadabe e Abiú (Lv 10.1). Somente Deus tem o direito de determinar como Ele deve ser adorado (Lv 10.1-3; Jo 4.20-26; 1 Co 14).
2.1. A necessidade do culto
O culto é necessário pelas seguintes razões. Primeiro: finalidade do homem. No culto, o homem acha a razão da sua existência. Ele foi criado para adoração. Fora da posição de adorador de Deus, o homem não encontra o sentido para vida (1Co 10.31; Rom 11.36). Segundo: obediência. O culto foi instituído e ordenado por Jesus Cristo. Quando a Igreja se reúne para louvar, orar e pregar a Palavra, ela simplesmente obedece (Mt 16.15-16; At 1.8; 20.7; 1Co 11.24-25). Terceiro: utilidade. O culto é suscitado e expresso pelo Espírito Santo. A salvação provoca adoração (At 10.46). O perdão restaura a capacidade de adorar, que foi anteriormente perdida por causa do pecado.
Infelizmente, em muitos lugares, raramente é possível ir a uma reunião cuja atração seja somente Deus. Sendo assim, só se pode concluir que os filhos de Deus estão entediados d’Ele, pois é preciso mimá-los com pirulitos e balinhas na forma de filmes religiosos, jogos, e refrescos. Vejamos e aprendamos com os exemplos de Lucas 5.25; 13.13; 17.15; 18.43; 1 Coríntios 1.22. O culto é útil. Ele tem utilidade didática, sociológica e psicológica. No ato do culto, aprendemos a ser cristãos. Ele é a escola por excelência do cristão, integração e comunhão pessoal (1Co 10.17; At 2.42-47). Por fim, o culto traz paz, descanso e cura à alma dos fiéis.
2.1. A necessidade do culto
O nosso culto a Deus é uma necessidade para a alma (Sl 42.1-2; Jr 31.25), assim como o alimento é uma necessidade para o corpo (Dt 8.3). É por isto, que a Bíblia exorta os crentes quanto à necessidade de reservar um tempo para o culto e adoração (Hb 10.25; Sl 84.2,4,10). Uma vez justificados pela fé em nosso Senhor e Salvador Jesus cristo, não podemos fugir à nossa responsabilidade de reunirmos periodicamente, a fim de cultuá-Lo, em Espírito e em Verdade. Há muitos crentes que tentam justificar sua ausência nos cultos alegando falta de motivação para ir à casa de Deus cultuá-Lo. Entretanto, há vários motivos para o crente ir ao templo cultuar a Deus: a) No culto podemos adorar e louvar ao Senhor, autor e consumador de nossa fé; b) No culto sentimos a presença de Deus e aprendemos mais do Seu amor e dos Seus juízos; c) No culto alimentamos a nossa alma com a Palavra de Deus e aprendemos os princípios bíblicos, etc. Assim, como o salmista declarou seu amor e desejo de estar na casa de Deus, assim também, devemos expressar nossa felicidade de ir ao templo, cheios de fé para adorar e louvar ao Senhor (Sl 84.2-4,10).
2.2. A essência do culto
Em meio às múltiplas maneiras de cultuar, há um elemento imprescindível à adoração: o amor. A essência da adoração é o amor. É totalmente impossível adorar a Deus sem amá-Lo. O Eterno Senhor Deus nunca se satisfaz com menos que “tudo” (Dt 6.5; Mt 22.37).
Vale a pena ressaltar que o culto verdadeiro requer amor de todo o coração, amor integral da mente e todo o nosso esforço. Para os hebreus o “coração” é considerado a sede da mente e da vontade, bem como das emoções. O termo “alma” refere-se à fonte da vida e vitalidade (Gn 2.7,19), ou mesmo o próprio “ser”. Esses dois termos indicam que o homem deve amar a Deus sem qualquer reserva em sua devoção. É no coração humano que Deus se revela (At 16.14; 2Co 4.4,6). Portanto, é com o coração que devemos expressar nosso amor a Ele.
2.2. A essência do culto
Dentre outros, existe um elemento que a Bíblia considera essencial, quando o assunto é adoração. Estamos falando do amor. O verdadeiro culto cristão seja ele individual ou coletivo, só acontece quando os cristãos entendem que adorar é amar a Deus de todo o coração (Mc 12.30; Lc 10.27; Dt 6.5). Não importa quem, onde ou quando, o alvo do olhar e da busca de Deus será sempre o amor que está em nossos corações (Dt 6.4-5; Mc 12.30; Lc 10.27). É desejo de Deus ser sempre adorado ou cultuado, mas Ele quer que seus adoradores o amem de todo o coração e acima de tudo. Portanto, o que deve motivar nosso viver cristão, nossa adoração, nossa ida ao culto, etc, é o nosso amor a Deus acima de todas as coisas (Dt 30.15-18; Mt 22.36-37). Cultuar a Deus ou realizar qualquer outra coisa sem o amor, além de nos tornar vazios, deixará as coisas que realizamos sem valor (1 Co 13.1-3,13). O cristão que assim age, pode até impressionar o seu próximo com os seus atos, mas não impressiona Deus. É o amor que devemos a Deus, que requer de nós: adoração, devoção e dedicação (1 Co 13.13). Assim, das pequenas às grandes ações, o nome do Senhor só será glorificado em nós e através de nós, por meio do amor que lhe dediquemos.
2.3. Amor integral da mente
A adoração também envolve o exercício da mente. “Dianóia”, em grego, significa a capacidade de pensar e refletir religiosamente (1Jo 5.1; 2.10. Ef 4.18) Esse entendimento é dádiva divina (Lc 24.25; Ef 1.17-18). Portanto, a adoração deve ocupar a mente de maneira a envolver a meditação e a consciência do homem. Em Romanos 12.2, Paulo estabelece que o culto deva ser racional: “Logiken latreia”. Amar a Deus com entendimento é um desafio para o cristão (Mc 12.30), pois esse amor exige todo nosso esforço e, nesta adoração cristã, Deus exige ser amado com toda força do adorador (Mc 12.30; Lc 10.27; Dt 6.5). O termo “força” (Ischyos) refere-se à força e poder das criaturas vivas (Hb 11.34). Exige-se que o cristão gaste todas as suas energias físicas em atos de amor a Deus (Rm 12.1). O amor a Deus expressa-se no serviço prestado por meio do coração (1Co 13.3). Portanto, amar a Deus com “toda a força” representa gastar a vida e energia unicamente com expressões de lealdade e afeição a Deus.
No ato do culto, devemos aprofundar a nossa comunhão com Deus, num intercâmbio de ações e sentimentos. Devemos sentí-Lo, devemos dialogar com ele e devemos nos render a Ele.
2.3. Amor integral da mente
O verdadeiro culto cristão requer o amor integral da mente. Amar a Deus com nossa mente e entendimento passa, então, a ser um desafio constante, pois nela está a raiz e os frutos da verdadeira adoração. O que significa dizer que devemos gastar toda a vida e energias expressando nosso amor, lealdade e devoção a Deus (Gl 2.20). A entrega de nosso “corpo” como “sacrifício vivo” é a mais clara demonstração de culto racional e genuíno que podemos expressar (Rm 12.1). Estar cada vez mais raro encontrar cristãos que cultuam e adoram a Deus com entendimento, singeleza e sinceridade de coração e que busque e realize a obra de Deus com todas as suas forças. Somos salvos por intermédio do conhecimento de Deus e a través da fé em Jesus Cristo (Jo 17.3), mas, quando cultuamos e adoramos de acordo com o desejo de Deus, cumprimos o motivo para os quais levou o Senhor a nos escolher e salvar (1 Jo 4.19; Ef 2.8-10; 1.17-18).
São muitas as bênçãos que podemos receber de Deus durante o culto, mas a apropriação de tais bênçãos deveria ser o objetivo de todos quantos participam do culto. Mas, qual a maneira correta de participarmos do culto? Participar com o espírito de reverência (Hb 12.28).
3. A REVERÊNCIA NO CULTO
A Bíblia é clara e diz que sempre que alguém for estar na presença do Altíssimo, tem que assumir atitude de reverência (Gn 24.52; 2 Cr 7.3; 29.29). Moisés na visão que teve de Deus na Sarça Ardente foi advertido que tirasse as sandálias dos pés, como sinal de reverência (Êx 3.1-5); Josué, quando também teve uma visão do Senhor, recebeu ordem para que tirasse as sandálias dos pés, em sinal de reverência (Js 5.14-15). Em ambos os casos a reverência consistia, não pelo lugar em si, mas pela presença real de Deus naquele lugar. Nos cultos realizados no Tabernáculo e no Templo, lugares os quais Deus se fazia presente, só quem era exclusivamente separado podia oficiar e o manuseio dos objetos consagrados a Deus era feito com o máximo de cuidado, sob risco de serem mortos (Lv 10.1; Nm 4.15; 2 Sm 6.1-7). Ainda, que com o advento da Nova Aliança a “forma” de culto tenha mudado, o principio da reverência permanece, pois o Senhor não mudou! (Ml 3.6; Tg 1.17; Hb 13.8). O adorador ao se aproximar da Majestade Divina deve saber e ter plena consciência de que o lugar onde Ele estiver é lugar sagrado (Hc 2.20; Ec 5.1; Is 6.3-5; Hb 12.18-22, 28-29).
3.1. Razões para a reverência
O Reino de Deus é impossível de ser abalado (Hb 12.28). Não existem sistemas, ordens ou poderes que superem esse Reino, pois o Senhor dos Senhores é o comandante. Essa é uma das razões pela qual devemos prestar uma reverência crescente diante de Sua Presença. Às vezes, não prestamos a devida atenção a esses fatos e reverenciamos mais os homens com os seus supostos poderes do que nosso próprio Deus, que se manifesta constantemente no culto que Lhe é devido.
De acordo com o dicionário, podemos definir reverência como: “Ação de reverenciar; respeito às coisas sagradas; movimento do corpo para saudar especialmente aos santos, o qual consiste em inclinar a cabeça e o corpo ou dobrar um pouco um ou ambos os joelhos; acatamento, respeito, veneração, atenção e consideração”. O termo “eulábeia”, do grego, é traduzido como “temor, estar temeroso; preocupado, tomar cuidado, respeito, inclinar-se, etc.”. Na passagem bíblica de Hebreus 1.7, vemos que Noé temeu. O Eterno Deus quer que tenhamos um espírito reverente.
3.1. Razões para a reverência
A reverência a Deus é motivada principalmente pelo senso de Sua grandeza e a plena consciência de que estamos em Sua presença (Ap 15.4). Devemos ter cuidado, pois alguns, em nome de uma suposta “amizade com Deus” os trata como se Ele fosse um “ser qualquer”. É um tremendo equívoco alguém, dizer ser íntimo e amigo de Deus e apresentar-se diante D’ele com posturas inadequadas ou tratá-Lo como se Ele fosse um “Zé Ninguém” (Ml 1.6). Há outros ainda, que desprezando a Sua Soberania, passam a “determinar” seus supostos “direitos” e a “decretar” suas “posses”, como se o Senhor fosse um de seus meros empregados. Cuidado com estes! Deus além de ser “Senhor” e “Eterno”, é infinitamente Sublime em Majestade, Poder, glória, Santidade, Bondade, Amor, etc, e, tem um exército de Anjos, Serafins e Querubins em volta de Seu trono, que O servem, louvam e glorificam ao Seu nome 24 por dia (Ap 5.11-13; Is 6.3-6). Todos aqueles que D'ele se aproximam, o devem fazer em reverência, fervor, zelo, sinceridade, dedicação e santo temor (Hb 12.28-29; Ef 2.8-9; 1 Jo 4.19; Ap 4.10).
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3.2. Atitudes reverentes
É necessário que durante o culto mantenhamos uma atitude consentânea com o local de adoração, uma vez que Deus está no templo (Mt 18.20). Temos a garantia da presença do Senhor em qualquer reunião em que o Seu nome seja cultuado. Uma vez que Ele se faz presente em nossas reuniões, necessário se torna que O reverenciemos. A movimentação desnecessária, o entra e sai a todo o momento, a distração ou desatenção, as leituras desnecessárias e outras modalidades de irreverências devem ser proscritas do ambiente de culto. É de suma importância que saibamos e estejamos conscientes de que o local de culto é somente para adorar a Deus. Deus valoriza o adorador sincero e reverente(Ec 5.1).
Devemos entrar no templo com profunda reverência, iniciando com a oração de joelhos e permanecer reverentemente do início ao final do culto. O pecado da irreverência é o responsável pela debilidade espiritual de grande número de membros de igrejas. Aquele que não mantém uma atitude correta perante Deus durante o culto não cresce espiritualmente, além do que prejudica sensivelmente o trabalho, com sua frieza e indiferença.
3.2. Atitudes reverentes
A reverência é o reflexo do conceito que temos de Deus. Se de fato reconhecemos que Deus é tremendamente temível e grande, se temos plena consciência de sua presença nos cultos que realizamos em seu Nome, ou, se de fato desejamos apresentar a Ele uma adoração correta e adequada, nossa postura e atitudes precisam ser condizentes com esta realidade. Nossa atitude reverente no culto, além de incluir autorrespeito e pureza pessoal, inclui também atitudes de amor, temor, santidade, integridade e respeito diante de Deus e das pessoas que estão ali próximas. Mas, ao que parece, esta postura estão ficando de fora do lema e da vida de muitos cristãos (Ml 1.6). Lamentavelmente, muitas atitudes impróprias são praticadas costumeiramente durante o culto. Movimentação desnecessária, conversas paralelas, brincadeiras com crianças ou com aparelhos de celulares, mascar chicletes, cochilos e muitas outras, são algumas atitudes que não são agradáveis aos olhos de Deus, durante o culto.Afinal, a verdadeira adoração consiste nos atos e atitudes que reverenciam e honram a Majestade do nosso grande Deus.
3.3. Um culto reverente
Sem a verdadeira adoração a Deus não há verdadeiro culto. Se, na presença do Altíssimo, não demonstramos, com toda a sinceridade de alma, a nossa profunda humildade e reverência em face de Sua santidade absoluta (Ec 5.1); se não evidenciarmos nosso amor e dedicação a Ele; se não demostrarmos confiança no cuidado que Ele tem para conosco; se o nosso coração não estiver transbordando desses profundos sentimentos em Sua presença, não estaremos cultuando verdadeiramente ao nosso Deus.
A Palavra de Deus nos adverte: “Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus, e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.” (Ec 5.1) Parafraseando: “Guarda teus ouvidos; teus olhos; tuas mãos; tua mente; e teu coração”, para que sejas agradável a Deus (Hb 12.28). Jesus expulsou os mercadores do templo (Jo 2.16). Deus disse para Moisés: “Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés, porque o lugar em que tu estás é terra santa.” (Êx 3.5). Respondeu o príncipe do exército do Senhor a Josué: “Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar que estás é santo.” (Js 5.15). Etã, o ezraíta, declarou: “Deus deve ser em extremo tremendo na assembleia dos santos e grandemente reverenciado por todos os que o cercam.” (Sl 89.7).
3.3. Um culto reverente
Não é só adorar outros deuses que a Bíblia proíbe, mas também adorar ao Deus único e verdadeiro de maneira errada (Ml 1.6-10; Os 6.4-6). Falta de atenção e mau comportamento evidencia não só falta de reverência, como também problemas espirituais na vida dessas pessoas (Is 1.11-18). Se você procede assim durante o culto, pode estar perdendo seu tempo indo à igreja (Lc 18.10-14). Também, se nossa vida estiver comprometida com o mundanismo, com a imoralidade ou com o pecado de uma maneira geral, nossa adoração também não será aceito por Deus (Is 1.10-17; Am 5.20-22; 8.10; Os 8.13; Mt 23.14). O povo de Deus só poderá ter certeza que Deus aceitará sua adoração, quando estes se apresentarem diante Dele em santo temor e reverência, com mãos limpas e coração puro (Sl 24.3-5; Tg 4.8), e/ou, quando o buscarmos de todo o coração (Jr 29.12-13; Sl 111.1).
O culto é acompanhado de uma ética cultual, isto é, exige-se que se saiba o que significa cultuar a Deus. A conscientização desse fato é primordial. Isso gera a exigência da reverência peculiar do verdadeiro adorador e, por conseguinte, descortina e rechaça a irreverência, repugnada pelo próprio Deus.
CONCLUSÃO:
No Novo Testamento, culto coletivo continua sendo um ato solene e sagrado, pois traz uma ênfase especial a nós e à igreja, como santuário do Espírito Santo (1 Co 3.16; Ef 2.19-22; 2 Pe 2.4-5), que se manifesta quando nos reunimos para adoração. Por isso, a Bíblia nos orienta a jamais deixarmos de nos reunir (Hb 10.25). Todavia, precisamos ter plena consciência de que somos separados e escolhidos como propriedade particular do Senhor (Êx 6.6-7; 19.5-6) e que devemos nos apresentar diante Dele em santidade e obediência prontos para adorá-lo conforme Suas exigências: Deus exige que nós ofereçamos a Ele, nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 12.1), e ainda, que ofereçamos a Ele sacrifícios de louvor, que são frutos de lábios que confessam o Seu nome (Hb 13.15). Cultos sem estes ingredientes e sem reverência deixam de ser um ato sagrado e se torna um insulto ao Senhor (Is 1.11-16; Am 5.20-22; Os 8.13).