TEXTO ÁUREO
Comentarista: Pastor José Elias Croce
“Em time alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo.” Sl 9.2
VERDADE APLICADA
A música é um dos canais mais utilizados na adoração, portanto, deve ser cuidadosamente observada.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
● Avaliar a forma como tem sido tratada a música na adoração;
● Observar os abusos musicais que têm se proliferado na igreja;
● Incentivar a busca de uma música de qualidade.
GLOSSÁRIO
Acorde: Dois ou mais sons simultâneos;
Fusão: Associação, mistura, aliança, coalizão;
Legado: Herança; língua, costumes e tradições, que passam de uma a outra geração.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Sl 101.1 - Cantarei a misericórdia e o juízo; a ti, SENHOR, cantarei.
Sl 101.2 - Portar-me-ei com inteligência no caminho reto. Quando virás a mim? Andarei em minha casa com um coração sincero.
Sl 101.3 - Não porei coisa má diante dos meus olhos; aborreço as ações daqueles que se desviam; nada se me pegará.
Sl 101.4 - Um coração perverso se apartará de mim; não conhecerei o homem mau.
Sl 101.7 - O que usa de engano não ficará dentro de minha casa; o que profere mentiras não estará firme perante os meus olhos.
HINOS SUGERIDOS
♫ 61, 244 e 394.
MOTIVOS DE ORAÇÃO
Ore pela pureza da mente na adoração.
Introdução
É difícil viver sem música. Ela faz parte do humano. Alguns filósofos trabalham com a ideia de que a música é a parte sagrada, divina do homem. É sua transcendência (superioridade de inteligência). Aquilo que o coloca em contato com o supremo, metafísico (que transcende a natureza física das coisas).
INTRODUÇÃO
A música como louvor e adoração teve origem no Céu, enquanto o universo e a terra ainda estavam sendo criados, os anjos no céu já cantavam louvores a Deus (Jó 38.7; Sl 148.1-2). Na terra, a música faz parte da vida do ser humano desde o início de sua existência. É bem verdade que não há fontes exatas que prove quando de fato ela surgiu.
O som que chega aos céus
Constatamos, para nosso desprazer, que o “modus vivendi” do ser humano, nos dias de hoje, se torna cada vez mais complexo, acompanhando a tendência do mundo de “pasteurizar” toda e qualquer manifestação de arte.
Desde os primórdios da civilização humana, há uma relação inquestionável entre a música e a adoração ao Eterno. Tirando de lado os falsos deuses (até esses tinham sua “trilha sonora”), a Palavra de Deus nos mostra a importância do louvor ao Senhor.
Marca profundamente em nossos corações de forma emblemática, o gosto refinado de Davi, por exemplo, pela composição dos Salmos, sua habilidade com a harpa, a capacidade de até acalmar Saul quando de suas crises (1Sm 16.23).
É inegável o fato de que a música tem uma conexão com o sagrado. O problema é quando, conscientes desse poder, usamos a música para manipular sentimentos e emoções. Ela deve ser encarada com seriedade e compromisso, pois sua aproximação com o sagrado não deve ser violada ou deturpada.
1. A MÚSICA E A SUA RELAÇÃO COM O SAGRADO
Não podemos negar que a música de uma forma geral possui a capacidade de nos aproximar de realidades espirituais mais profundas. A música penetra em nosso ser fazendo-nos sentir os mais diferentes sentimentos e emoções. Ela em seus mais diversos estilos e ritmos pode provocar sensações e reações múltiplas, tais como: Alegria ou melancolia; calma ou agressividade; relaxamento ou agitação, etc. Ela pode agir para espantar os males, como também para atrair os males; Pode nos levar a se aproximar de Deus como também nos afastar de Sua presença; Pode nos despertar para a gratidão como também para a ingratidão.
1.1. A presença da música no culto
Um fato indiscutível é a presença da música no culto, seja ele qual for. Em todas as religiões, os cultos são celebrados com pouca ou muita música. Desde as mais remotas épocas e culturas, até hoje, a musicalidade permeia a religiosidade. No culto cristão, a música tem grande espaço, inclusive um espaço que vai se alargando a tal ponto de suprimir o lugar da Palavra. A presença da música no culto não deve ser a essência do cultuar, mas uma parte do processo. Culto sem Palavra não é culto, pois só podemos cantar com vida se a Palavra em nós abrir as portas do louvor (1Co 14.26).
A história do mundo pode ser contada através da música. Ela se apresenta tanto na crise quanto na celebração. A presença da música na adoração é tão forte e decisiva que muitos caem no erro de associar sempre a adoração com a música, como se uma não existisse sem a outra. Adoração é muito mais do que música, entretanto, utiliza-se dela e de sua acessibilidade aos mais profundos recônditos da interioridade (Sl 150.3.5). Ainda que com um único instrumento, ou mesmo com uma orquestra sinfônica, o que não se pode negar é a presença marcante da música. Essa presença é marcante porque assim o é para o homem. Somos feitos desse mistura de silêncio e sons. Por mais desafinado que um homem seja sempre vai cantar ou assobiar alguma canção. A melodia que habita sua intimidade nunca é desafinada.
1.1. A presença da música no culto
A presença da música como louvor no culto tem um papel relevante e deve ser usado com o propósito de adorar a Deus e levar o povo à adoração (Cl 3.16; Ef 5.19). O grande problema que enfrentamos com as músicas nos cultos, atualmente, é que estamos muito mais preocupados em usá-la para atrair e entreter os ouvintes do que para exaltar a Deus ou edificar a igreja (1 Co 10.31-33; Ef 4.12-13). E desta forma, nos afastamos cada vez mais do modelo contido na Palavra de Deus. A música no culto não pode ser um instrumento de diversão e entretenimento religioso. Em regra, a música que adora e edifica é a música que comunica a mensagem do Evangelho na letra, na música, no ritmo, na melodia e etc (1 Co 14.15), e cujo os músicos adoradores não se apresentam para dar “show” e atrair glórias para si mesmo (Sl 115.1), ao contrário, procura a melhor forma de expressar seu louvor de modo que exalta a Deus e leve os seus ouvintes a louvarem a Deus e terem suas vidas edificadas e fortalecidos na fé (1 Co 14.26; Cl 3.16; Ef 5.19; 1 Co 14.15).
1.2. A música como testemunho
O músico cristão precisa redescobrir urgentemente essa verdade: a música como testemunho! Uma vez que estamos, como Igreja, ministrando ao mundo, somos chamados a testemunhar da graça de Deus. Uma das melhores formas de testemunhar é através da música. É importante lembrar que devemos lutar com todas as forças para destruir as prováveis contradições entre o ser que canta e o que vive (Ef 5.19).
Alguns cientistas dizem que, no momento em que cantamos, todos os ossos do nosso corpo vibram. Portanto, cantar sem alma é contradição, pois se o corpo está vibrando, a alma não pode estar sufocada. Não podemos alimentar esse dualismo, pois isso atesta contra o testemunho da verdade. Música, como testemunho não é só aquele “artista” que se converteu, mas todo aquele que traz no peito uma melodia consagrada ao Senhor.
1.2. A música como testemunho
A música é uma das armas que a igreja possui para testemunhar e propagar individualmente e coletivamente as Boas Novas. A música como verdadeiro louvor não é apenas a emissão de sons, mas a entrega incondicional de tudo aquilo que somos em tributo ao seu Nome (Sl 146.1). Quando cantamos com o coração sincero, refletimos Deus ao mundo e o mundo pode ver e sentir Deus através de nós. Em Atos dos Apóstolos há um texto que diz: “Era UM o coração e a alma da multidão que criam” (At 4.32). O louvor durante o culto na congregação deve nos transmitir a ideia de um povo tomado pelo mesmo sentimento, mesma alma, mesma motivação e mesma direção (Rm 15.11).
Se existe algo esplêndido na música é a sua capacidade de estar no meio, entre o sagrado e o comum. Ela é quase o ponto de equilíbrio. É incrível observar, por exemplo, alunos de alguma orquestra, nesses milhares de igrejas das periferias das grandes cidades, aprendendo a tocar músicas de Bach, Beethoven, Mozart. O comum tocando o extraordinário. É assim que tocamos a melodia da graça. Somos frágeis, pequenos, vivendo num mundo pecaminoso. Apesar dessa distância, tocamos e antamos coisas do céu. Mesclamos, pela ação do Espírito Santo, nossa pequenez com a gloriosa majestade da fé, e o produto dessa abençoada fusão é uma música capaz de tocar corações aflitos gerando salvação.
A pluralidade de estilos musicais é imensa. Influenciados pelo relativismo, muitos adotam estilos musicais provocantes, sensuais e agressivos no intuito de “santifica-los”, contudo, esquecem-se de que Deus conhece as intenções do coração e sabe onde queremos chegar. Mundanismo não é o mero contato com o mundo e suas coisas, pessoas ou lugares. Biblicamente, significa deixar-se levar pelo modo pecaminoso do mundo. Quando nos isolamos do mundo, deixamos de expandir o Reino de Deus. Existe uma música mundana? Se existe, o que a diferencia da música sacra? Numa escala musical, há diferença entre um dó profano de um dó cristão? Podemos encontrar em um piano tanto um dó maligno quanto um dó justo? É possível a existência de uma guitarra secular e outra cristã? Um violão é cristão ou profano? O que vai diferenciar é a atitude, isto é, a consagração de quem a executa e sua entrega de vida a Deus (1Co 6.16).
1.3. A música entre o sagrado e o comum
A música de uma forma geral não é totalmente neutra, como deixa subtendido o comentarista, nem mesmo aquelas, entre seu aspecto comum e seu aspecto sagrado. Todas elas, independentemente do seu aspecto, ou irão contribuir para elevar nossos referenciais de vida cristã ou irão contribuir para rebaixar-nos. Ela pode atuar tanto para o bem quanto para o mal, tanto para louvar e exaltar a Deus como para homenagear a Satanás, tanto para nos elevar na vida moral e espiritual como para nos afastar da presença de Deus.
2. O problema dos estilos musicais
Alguém disse que “não existe um acorde divino e outro profano; música é música!”. O problema não está no acorde, mas na pessoa que existe por trás dele. O ser humano é um ser caído e, como esse ser é eminentemente social, o pecado se projeta em suas ações, em seu meio.
2. O PROBLEMA DOS ESTILOS MUSICAIS
Tenho minhas convicções, com base nas Escrituras, de que vários estilos e ritmos musicais, como rock, samba, forró, funk, axé, etc não adéquam ao louvor e adoração. Todavia, reconheço que, diante da variedade dos estilos musicais presente em nossa cultura, não disponho de conhecimento técnico suficiente para avaliar todos os gêneros e ritmos, com letras cristãs, para informar se fato estão ou não apto para adoração.
2.1. O perigo das influências
Um dos sérios problemas da musicalidade cristã reside no fato de que ela é muito mais influenciada do que influenciadora. Não são poucos os músicos cristãos que copiam os padrões mundanos da música. Quando uso o termo “mundano”, estou me referindo a tudo aquilo que zomba da fé, que agride a espiritualidade e rouba a nossa paz. Há grupos na igreja que chegam ao cúmulo de parodiar “sucessos” mundanos. Não precisamos copiar as manias mundanas, pois temos a criatividade e a arte que o Espírito Santo, o músico por excelência, está disposto a nos ensinar. Que nossas influências venham do alto! (1Co 6.20).
Não precisamos parodiar músicas feitas por bêbados e drogados nas noites violentas dos bailes, pois temos homens e mulheres que gastam tempo com Deus e podem receber d’Ele as mais tremendas letras e melodias.
2.1. O perigo das influências
A força da influência que Satanás, inimigo de nossas almas, exerce sobre a música, de uma maneira geral, acaba atingindo não somente os cristãos e os músicos individualmente, mas também o próprio caráter da música cristã, em si. O efeito da influência que as músicas profanas e/ou mundanas exercem sobre os cristãos e sobre as músicas cristãs são muito mais fortes e destruidoras do que se pode imaginar! Estrelismos; sincretismo musical; baladas gospel, coreografias; danças; cultos/shows; mudanças de conteúdo, de estilos e de ritmos; e, plágios, são só alguns dos muitos perigos trazidos por estas influências negativas. Como bem disse o comentarista: “Não são poucos os músicos cristãos que copiam os padrões mundanos da música”. Devemos ter muito cuidado, pois quando se busca reproduzir o que está lá fora, ela cria um choque com a Palavra de Deus (Rm 12.2).
2.2. O perigo da substituição da pessoa central
A adoração é, única e exclusivamente, destinada a Jesus, pessoa central do culto e da espiritualidade. Há estilos musicais onde o grupo ou o músico se tornam a essência. Estilos personalistas que conspiram contra a exaltação e a soberania de Cristo. Esses estilos são característicos pela celebração da performance, da coreografia, e não do Deus a quem se propõe adoração. Há alguns lugares onde o “momento de louvor” é um verdadeiro show e o grupo é assediado a gritos frenéticos e eufóricos. Onde nossos talentos ofuscam o nome de Cristo, não pode haver adoração.
O grande problema dos estilos musicais é que são medidos pelas preferências pessoais, assim, o respeito por outras preferências é violado e a pessoa de Jesus Cristo é banida do culto.
2.2. O perigo da substituição da pessoa central
Infelizmente, muitos crentes já vão aos cultos em busca de entretenimento, e, não em busca de oportunidades de se prestar um serviço de louvor e adoração ao Senhor ou mesmo de sentir a Sua maravilhosa presença.
2.3. O perigo de se escandalizar o Evangelho
Jesus afirma: “É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem.” (Lc 17.1). Poucas coisas escandalizam mais do que performances musicais desvairadas. É preciso tomar todo o cuidado possível com isso. O princípio básico da fé cristã é o amor ao outro e, se amamos o outro, nossa preocupação deve caminhar também no sentido de não ferir sua alma, seus sentimentos, sua fé sincera. Se determinado estilo musical fere meu irmão, por que insistir numa ferida que poderá mata-lo?
Paulo diz: “Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu.” (Rm 14.15). Leia novamente e substitua a palavra “comida” por “estilo musical”. Nossa regra de conduta é o amor, o que passar disso é diabólico.
2.3. O perigo de se escandalizar o Evangelho
O perigo de escandalizar o evangelho sempre existiu e sempre existirá (Lc 17.1). Mas este na essência não é o problema. O grande problema dos escândalos na atualidade reside na frieza espiritual e na perda do amor a Deus e ao próximo. Crentes nessa situação geralmente brigam por qualquer coisa. Tudo para eles se tornam motivos para discussões e questionamentos. Pessoas neste estado não se preocupam com os possíveis escândalos e são capazes de destruir não só a si mesmo, mas também daqueles que estão próximos dele.
Não que a Harpa Cristã seja o único modelo ideal de música, mas a história que baseia aquelas músicas é digna de nota e respeito. A Harpa Cristã, para nós das Assembleias de Deus, possui grande apreço e significado. Ela é um lembrete musical das nossas origens (Pv 22.28).
3. A BELEZA DA HARPA CRISTÃ
Seria desnecessário de nossa parte tentar comparar a beleza das canções antigas, contidas na Harpa Cristã e nos demais hinários, com as canções do presente, tocada e ouvida pelas novas gerações. Com todo respeito aos demais modelos! Todos os hinários cristãos, incluindo aqui a Harpa Cristã, compartilham dos fundamentos da fé. Já as músicas cristãs modernas, principalmente as dos movimentos gospel, aparentemente são boas, mas vejo muitas delas, contaminadas por heresias. Precisamos valorizar a nossa Harpa e as coletâneas de músicas sacras!
3.1. A teologia dos hinos da Harpa
Se você tem uma Harpa Cristã ao seu alcance, folheie, medite um pouco em algumas letras. O que você encontrará é a base de toda a chamada “teologia pentecostal”. Os hinos vão discorrer sobre o poder do sangue de Jesus, sobre a salvação, o pecado, a graça, o chamado para o ministério, a fé, a alegria, o Espírito Santo. Não são algumas poesias melosas sem implicações práticas. Não são frases feitas sem conteúdos existenciais plenos. São hinos que fortalecem convicções. Hinos que propõem um andar com a Bíblia. Quem teve o privilégio de ser criado ao som desses hinos, sabe que para cada momento da vida prática, há uma estrofe que se encaixa com perfeição.
3.1. A teologia dos hinos da Harpa
A presença da música nos cultos, como já dissemos, tem o propósito de louvar a Deus e de edificar a igreja. Canções para edificar precisam conter conteúdos de cunho teológicos e cristológicos mais profundos e biblicamente corretos, para atuar no campo da instrução, da exortação, do aconselhamento e do fortalecimento dos cristãos (1 Co 14.3). Nestes critérios, os hinários (Harpa Cristã, Cantor Cristão, Salmos e Hinos e etc) gozam de muito mais respeito e credibilidade do que os demais modelos de músicas sacras, que, além de serem doutrinariamente vago, apresentam grotescos erros bíblicos em suas composições, muitas delas voltadas para filosofias contemporâneas e humanistas. Há uma imensidão de canções do movimento gospel que são questionáveis do ponto de vista teológico e cristológico. É preciso examinar muitas delas até encontrar uma que não esteja contamina com algum tipo de erro.
Em algumas de nossas igrejas, a Harpa Cristã já foi descartada (em outras, só subsiste pra que a “banda” também tenha razão de ser), e anos de história e devoção foram jogados no lixo pós-moderno das inovações sem conteúdo e graça. A primeira edição da Harpa Cristã, em 1922, teve uma tiragem inicial de mil exemplares. A segunda edição, em 1923, foi impressa no Rio de Janeiro e tinha 300 hinos. Já em 1932, a Harpa Cristã contava com 400 hinos. A primeira Harpa Cristã com letra e música começou a ser elaborada em 1937. Com o passar dos anos, foram acrescentados outros hinos, até que o hinário oficial chegou a 524. Até o ano de 1981, todos os hinos já haviam sido revisados.
3.2. Os autores dos hinos da Harpa
Talvez a grandeza maior da Harpa não se deva à vida de seus autores e tradutores. Não foram homens perfeitos e imaculados, mas foram cristãos! Homens e mulheres que deixaram um legado. Gente de Deus que escrevia com base em suas profundas experiências de vida com o Senhor. Falavam de uma realidade espiritual que conheciam na pele, e não apenas na “testemunhologia mirabolante” dos contadores de casos da atualidade. Não eram celebridades escrevendo novos “sucessos”, não eram hit makers,(fabricantes de sucessos), eram pastores, missionários, servos de Deus com uma história de vida digna.
Citemos alguns autores: Antônio Cabral, Emílio Conde, Frida Vingren, Nils J. Nelson, O. S. Boyer, Paulo Leivas Macalão, Samuel Nystrom. Gente que se gastou pelo trabalho de expansão do Reino de Deus nesse imenso Brasil. Negligenciar essa história é destruir o nosso passado. No jornal Mensageiro da Paz, de julho de 1939, página 2, primeira quinzena, o Pr. Paulo Macalão declarou em relação ao trabalho de elaboração e revisão dos hinos da Harpa Cristã: “É um serviço glorioso que Deus me proporcionou, mas que, para concluí-lo, necessito das orações de todos os que amam a causa de Cristo, em virtude de ser grande a responsabilidade que me pesa. Sinto-me, às vezes, bastante atarefado, creio, porém, que, se todos os irmãos orarem neste sentido, Deus me ajudará, em breve, a terminar o nosso hinário, que servirá para atrair muitos pecadores aos pés de Cristo”.
3.2. Os autores dos hinos da harpa
Nenhum dos autores ou compositores da Harpa Cristã e de outros hinários eram perfeitos, temos consciência disso, mas sabemos que foram homens e mulheres verdadeiramente convertidos, piedosos e cheios de sabedoria, que cuidadosamente montaram os hinários. Também temos consciência de que nenhum hinário é perfeito, mas sabemos que podemos confiar na maioria dos hinos selecionados, pois apoiam as verdades centrais da Bíblia e as nossas principais doutrinas, sem necessidade de analisar minuciosamente cada música e compositor. Diferentemente das músicas do movimento gospel, cujo pastor que se preocupa com o rebanho, precisa examiná-las rigorosamente, antes de liberar seu uso. Infelizmente, há uma grande quantidade de canções do movimento gospel, cujos compositores são questionáveis em seu testemunho.
3.3. A simplicidade cativante da Harpa
Até mesmo os músicos modernos gostam de dar novas versões aos hinos da Harpa. Alguns, ignorando sua história, destroem a simplicidade original e, com isso, adulteram o hino. A beleza da Harpa está justamente em sua simplicidade cativante. É louvar a Deus pelos pássaros, pela chuva, pela paz. É adoração que flui da constatação da grandeza de Deus nas pequenas coisas. Como os autores não eram celebridades, os hinos refletem seu cotidiano humano, sua devoção a Deus. Muitos são os testemunhos de pessoas que, cativadas pela beleza e simplicidade desses hinos, converteram-se ao Senhor. Não vamos jogar fora a grandeza desses hinos!
A Harpa Cristã tem sido o instrumento de consolidação nacional da hinologia pentecostal, principalmente por meio do cântico congregacional. Um dos motivos que contribuiu para isso foi o fato de cada cristão assembleiano ter que possuir o seu próprio exemplar do hinário e leva-lo para a igreja, diferentemente das igrejas das denominações tradicionais no Brasil, América do Norte e Europa, onde os templos possuem exemplares dos seus hinários disponíveis para os fiéis usarem em seus cultos.
3.3. A simplicidade cativante da harpa
A simplicidade cativante da Harpa está na sua maneira de adorar a Deus. Ela promove uma adoração suave e centrada na fé e na Palavra de Deus, levando os adoradores a um encontro com Deus. Se for acompanhada por um instrumento como teclado ou órgão, melhor ainda. Diferente das canções do movimento gospel que projeta uma adoração caracterizada pela repetitividade e pelas batidas pesadas dos instrumentos musicais. Essa forma de adoração leva os “adoradores” a um estado hipnótico ou a um “êxtase emocional”, menos a um encontro com Deus. Assim, a simplicidade das canções da Harpa cativa a alma a uma experiência mais profunda com Deus; já a música do movimento gospel cativa uma experiência física e estimulante e, muitas vezes até sensual.
Somos chamados para testemunhar o mistério da graça e a música é uma grande aliada nesse abençoado processo. Que não venhamos destruir as pontes que a música cria entre nós e os outros, e entre nós e Deus. Que possamos louvar ao Senhor com toda a verdade que há em nós!
CONCLUSÃO
É dever de todo cristão influenciar o mundo com sua maneira de viver, e não ser influenciados por ele. Como cristãos devemos estar alertas e tomar todos os cuidados necessários, pois as musicas profanas e mundanas nos invadem lentamente, e às vezes nem conseguimos perceber quando tudo se iniciou. É como a poeira que entra em nossa casa, só se percebe quando vamos limpar. Não esqueçamos também que ele, além de entender muito sobre música, sabe que Deus só aceita o louvor quando vindo de coração puro, sincero e que esteja de acordo com a Sua Palavra. Por esta razão, utiliza-se de todo e qualquer meio ou instrumento para influenciar e afastar as pessoas da forma racional de cultuar a Deus e de prestar-Lhe uma verdadeira adoração (Rm 12.1-2).